Praça Argileu de Oliveira Souza

Praça Argileu de Oliveira Souza
É um prazer enorme receber visitantes em meu blog!!! Sintam-se em casa, mas não façam bagunça!!!!! RSRSRSRSRSR

Neste blog vocês encontrarão informações pessoais de seu idealizador assim como postagens interessantes sobre o Gonçalo... Apertem os cintos e boa viagem!!!!!!

POPULAÇÃO DE GONÇALO: 1312 Habitantes (Fonte: Censo 2010)

11 de mar. de 2024

No dia em que um “pop star” esteve no Gonçalo - Profª Belinha - Por Júnior de Feira

 

1-No dia em que um “pop star” esteve no Gonçalo

2-As festas de antigamente...

3-A menina que só se vestia de azul e branco

 



No dia em que um “pop star” esteve no Gonçalo


Confesso, que tenho dificuldade em dizer qual o artista de hoje em dia tinha a popularidade do cantor que esteve no Gonçalo na década de 1960.Posso adiantar que ele não veio fazer nenhum show, nosso povoado não comportava tamanho evento. A título de comparação é difícil dizer, talvez artistas como Marilia Mendonça, Luan Santana, Zeca Pagodinho, algo assim, alguém que estivesse no auge de sua carreira e com reconhecimento nacional.Sobre o astro falo mais tarde. Deixa eu contar como eram as festas em minha época.

 

As festas de antigamente e a preparação das meninas

 

Naquele tempo, não tinha a facilidade que se tem hoje para se arrumar para uma festa. Hoje você tem uma infinidade de opções para escolher seu vestido, contamos também com uma diversidade muito grande de modelos, ou mesmo comprar pela internet, assim seu vestido pode vir de qualquer lugar do mundo. No meu tempo, não havia vestidos prontos.Funcionava assim, as meninas iam até a bodega de Cazuza que além de tecido vendia tudo que o lugar precisava como: fumo de rolo, carnes,feijão, querosene etc.

A outra opção era os mascates que vinham de longe trazendo tecidos nos lombos de seus jumentos. Muitas de minhas amigas costuravam seu próprio vestido, mas a maioria se valia de algumas costureiras do Gonçalo que faziam a diferença, eram nossas “estilistas” e personalizava cada vestido de acordo com sua cliente.

 A preparação para festa começava cedinho, cuidávamos logo dos afazeres domésticos, adiantava tudo que tinha de fazer, era um ajuste no vestido aqui ou ajuste ali, algumas se valiam dos bobs no cabelo, outras usava uma espécie de tesouras com a ponta achatada que aquecida no fogareiro alisava os cabelos (talvez, a percussora das chapinhas de hoje).À tarde descia um monte de rapazes e moças para o rio para tomarmos banho. Àdireita da ponte ficava o poço das mulheres, àesquerda o poço dos homens, acredito que hoje em dia não haja mais necessidade dessa divisão (risos).

Por falar em tecidos preciso contar a história de uma loja conhecida de todos vocês.

 

Casa Feitosa uma renomada loja de Jacobina 



Cabe aqui uma menção honrosa a Casa Feitosa que até hoje tem comercio em Jacobina, a qual faço parte dessa história.

Nessa época Pedrinho Feitosa (fundador) tinha um armazém que vendia de tudo, como fumo de rolo, querosene, alimentos, bebidas, etc., como todas as outras bodegas do comércio local. Naquele tempo a feira do Gonçalo era muito grande, vinha gente de vários povoados comprar ou vender suas mercadorias. A feira era destaque tendo em vista que era praticamente a única das redondezas. O Caém tinha uma feira, mas era meio elitizada e não tinha tudo que precisávamos. A outra opção era ir pra Jacobina, mas a dificuldade era grande para ir toda semana para lá.

 

O Pau comia nas bodegas...


Muitos homens reunidos em uma bodega com muita cachaça não davam outra, toda feira terminava em brigas. Era socos, muros, pontapé, faca, foice, dava de tudo. Meu compadre Pedrinho tinha uma dessas bodegas só que um pouco mais organizada, de um lado ele despachavas as bebidas, do outro, sua esposa Safira vendia os demais produtos. No entanto, não era diferente, volta e meia tinha briga. Desgostoso com o andar de seu comercio, porque toda vez que tinha uma confusão era obrigado a fechar o comercio e assim deixava de vender suas mercadorias, o prejuízo era certo. Pedrinho andava descontente, aí resolvi lhe dá uma ideia: compadre porque você não deixa de vender bebidas e começa a negociar com tecidos? Ele gostou da ideia mas disse que não sabia nada sobre tecidos e que não sabia fazer os decimais (medida muito usada na época para venda de Tecidos). Respondi que iria ajuda-lo, passei a ensiná-lo, e assim foi feito. Ele viajou até Juazeiro e Salvador e fez suas primeiras compras de tecidos, abandonou as bebidas e começou seu pequeno comércio em tecidos.

 Pouco tempo depois não precisou mais viajar para comprar tecidos, os próprios vendedores vinham até o Gonçalo para atendê-lo.

 

A praça iluminada e as Bandas Musicais

 

Na época (como em qualquer lugar das redondezas)não tinha energia elétrica, mas a praça era iluminada por postes que tinha um lampião cujo combustível era de pedra de carbureto.

“Aspas” para o carbureto:

O carbureto é um composto que não se encontra na natureza. Resulta da junção de cal e carbono, levando a um forno de alta temperatura. Ele pega fogo porque quando em contato com a água produz um gás inflamável que ao entrar em contato com o oxigênio incendeia, e vira um tipo de candeeiro “ pré-histórico” iluminava bem, nos atendia.

A praça era iluminada das 18 horas ás 22 ou 23 horas, a prefeitura de jacobina (o Gonçalo era distrito de jacobina nessa época) mandava o carbureto por José Inocêncio que repassava para Calumbi acender os postes.

As bandas musicais eram uma atração à parte, tinha saxofone, trombone, sanfoneiro, etc. Tinha um tal de Muritiba sanfoneiro que vinha de Cachoeira, era o sucesso do momento.  Tinha também Alexandre do saxofone de Jacobina outro famoso da época.

 

O São Pedro do Caém uma das maiores festas do gênero da Bahia.


“Aspas” para Junior de Feira

Sempre tive uma dúvida a respeito dessa festa.  Por que sendo o Gonçalo um distrito do Caém, tinha a principal festa junina, o São João, e a sede do município tinha o São Pedro, que em todos os lugares é uma festa menor?  Fiz essa pergunta a vários amigos, incluindo ex-prefeito, e ninguém sabia ao certo, como começou essa tradição.

 

Segue a resposta da professora Belinha...

 

Tudo começou com um morador muito conhecido no Caém chamado Pedro Matos que aniversariava exatamente no São Pedro, e nessa data dava uma festa enorme. Em sua casa tinha um grande salão. A festa era regada com comida e bebida à vontade.Todo ano vinha gente de saúde, Gonçalo, Jacobina, toda região, aquilo virou uma espécie de tradição por muitos anos.Vinha uma banda famosa da época era Giazz de Senhor do Bomfim. Sua esposa Zumira sempre hospitaleira e receptiva com todos, mesmo com aqueles que não eram convidados. Certa vez, sua esposa se converteu ao espiritismo, e a festa passou a não ter mais música, bebida... a festa não era mais animada como outrora, mas a semente estava lançada.

Acredito, que essa tenha sido a causa de o Caém ter criado a tradição de festas de São Pedro e não de São João.

 

A Caiçara vs Capim Grosso(um erro que condenou a Caiçara e alavancou Capim Grosso)

 

A Caiçara era um povoado bem desenvolvido para região, possuía um comercio forte e festas excelentes. Era um lugar muito conhecido das redondezas. Capim Grosso ao contrário, praticamente não existia, se resumia a uma fazenda, algumas poucas casas, uma igrejinha e só.

Na Caiçara morava meu sogro Felix um grande comerciante do local. Ele tinha um armazém que vendia de tudo que o lugar precisava, a população local não necessitava sair do lugar para fazer suas compras básicas.

 

O grande erro de Felix...


            Nessa época o governo federal começou o estudo do traçado da pista asfáltica (a atual BR) que passaria dentro da Caiçara, um luxo na época onde praticamente todas as estradas eram de terra. Qualquer cidadão em sã consciência iria aprovar com louvor essa iniciativa do governo federal... exceto Felix, que quando soube do projeto fez um abaixo assinado e convenceu a população local a assinar sob a alegação de que o asfalto iria trazer o progresso para Caiçara o que era ruim para o local, na visão dele.

 Com a rejeição dos moradores, o asfalto foi desviado da Caiçara em mais ou menos 6 km, passando justamente em frente da fazenda Capim Grosso. A estrada asfaltada trouxe o progresso para o local que se devolveu rapidamente, e em 1985 virou cidade, contando em 2023 com 33.344 mil habitantes, tornando a Caiçara um de seus distritos, com sua população 2023 estimada em apenas 307 moradores.

 

A menina que só se vestia de azul e branco


            Eu tinha uma amiga de infância chamada Biluzinha, ela chamava a atenção de todos porque só se vestia com roupas nas tonalidades azul e branco, não ariscava nem uma fitinha no cabelo que não fosse dessas duas cores.

Tudo começou quando ela tinha apenas 6 meses de vida e passou a ter  crises convulsivas.Sua mãe temendo pelo pior fez uma promessa a nossa mãe maior Nossa Senhora, que se as convulsões parassem ela só vestiria azul e branco até os 15 anos de idade. O pedido foi aceito, ela foi curada, não teve mais convulsões, a promessa tinha que ser cumprida, e assim foi feito. Biluzinha foi ficando mocinha e vaidosa como toda adolescente da época. Se preparava para as festas e desejava um vestido colorido, ou de qualquer outra cor que não fosse azul e branco, igual as suas amigas da época, mas ao encomendar um vestindo que ela tinha gostado e não fosse azul ou branco, tinha que fazer a adaptação nessas cores ou usar só branco... o tecido branco menos mal, mas o azul ela tomou verdadeiro horror a essa cor.

Mocinha, cada dia se tornava mais difícil cumprir essa promessa feita pela mãe, tinha loucura para vestir um vestindo vermelho, por exemplo.As adolescentes da época usavam roupas coloridas, cores fortes, vibrantes, mas ela seguia firme e forte em seu propósito... muitas vezes presenciei ela dizer: “ quando completar 15 anos vou vestir roupas de todas as cores, vou ser igual a vocês. Biluzinha sonhava muito com essa data, bastava completar 15 anos e estava liberta do azul e branco que tanto a atormentava.

 

Em fim os 15 anos

 

 Chegou a data tão esperada por ela e por todas as amigas que sofria junto com ela, mas o destino, mais uma vez lhe  pregava uma peça.Ao completar 15 anos, sua mãe faleceu... e Biluzinha, abandonou o azul e branco e passou a vestir preto... seu luto durou um ano.

Lembro bem que quando alguém, naquela época, perdia um ente querido, era tradição usar preto, por um longo período.Quando meu bisavô faleceu, minha mãe me fez usar preto por seis meses.

               

O Astro...

 

Valdick Soriano era o nome da vez, cantor de enorme sucesso no Brasil.  Ele se vestia sempre da mesma forma: terno, chapéu e óculos escuros (uma novidade para a época) se inspirava em um herói americano chamado Durango Kid, uma espécie de Robin Hood.  Durango Kid também foi lembrado na música “cawboy fora da lei” de Raul Seixas e na música “ eu vou botar meu bloco na rua” de Sergio Sampaio.

Valdick sempre que vinha a minha cidade Feira de Santana, eu e meu marido (Dunga) estávamos na plateia, os ingressos do show de sexta feira se esgotava rapidamente e ele era obrigado a fazer outro show no sábado, toda vez era isso. Em uma das vezes que ele veio, Dunga esperou terminar o show e foi cumprimenta-lo, conversa vai,  conversa vem ficaram amigos. Em uma dessas vindas a Feira ele disse que iria fazer um show em Jacobina e nos convidou. Dunga viu a oportunidade de levá-lo ao Gonçalo (para essa família tudo é motivo para ir ao Gonçalo). Valdick tinha uma Kombi, Dunga um Jeep, assim Valdick pediu a Dunga que trocasse os veículos porque o jeep era mais veloz, assim foi feito

Ao chegar ao Gonçalo, se encantou com o rio, que estava muito cheio, queria tomar um banho, mas foi desaconselhado pelos moradores, rio cheio era perigoso para quem não conhecia.  Valdick teve uma ideia, pediu a Dunga que amarasse uma corda em sua cintura que ele iria nadar e se cansasse pedia a Dunga puxasse ele, mas uma vez os moradores conhecendo Dunga disse: não vai não senão ele solta a corda. Ele desistiu de atravessar o rio nadando e ficou se banhou na margem.

 

Bar do Sr. Wilson

 

Valdick entrou no bar, começou uma partida de sinuca, mas falou pouco ou quase nada... a notícia se espalhou rápido pelo Gonçalo e o bar começou a chegar gente, alguém colocou um disco dele na vitrola, o silêncio foi quebrado quando alguém pediu“canta pra gente Valdick” .... Ele apontou o taco de sinuca em direção a vitrola e disse:

Já estou cantando...

 

https://www.youtube.com/watch?v=7-kHtzijxtw





22 de mai. de 2021

HOMENAGEM AO MÊS DAS MÃES - PROFESSORA BELINHA - Por Júnior de Feira

 


Uma Mãe chamada Menininha.

 

As parteiras do Gonçalo...

Na minha época no Gonçalo e região quase que a totalidade dos partos eram feitos por parteiras e quase ninguém tinha acesso a um parto feito por médicos. Nesse tempo existiam três parteiras no Gonçalo: Zefa de Isabel de Bião, Mãe Menininha, Zefa de Florzinha que pela idade avançada fazia parto apenas de membros da família. Todas tiveram um papel importantíssimo na história do Gonçalo. Eram verdadeiros anjos colocados em nosso caminho, entretanto permitam-me falar de uma delas...

 

Uma gigante chamada Menininha...

Pouco se sabe a respeito de sua vida, mesmo porque ninguém se interessava por informações sobre ela, o que eu sei é que ela veio da cidade de Várzea do Poço para morar no Gonçalo nas proximidades da casa do antigo gerador de energia. Negra, baixa e gordinha, sem qualquer alfabetização, mãe de uma grande amiga minha Tezinha e avó de Tonho, Curi, as gêmeas Eva e Evina e o caçula Gerinho. Ela aprendeu o ofício de parteira com sua mãe.

 

A ligação ...

Há mais ou menos 20 dias recebi uma ligação do meu filho mais velho (Cássio) me perguntando o nome da mulher que tinha feito o meu parto... falei: Mãe Menininha, disso ele sabia, na verdade ele queria saber o nome completo dela. Confesso que não sabia, então me pediu que eu descobrisse o nome de batismo dela. Pela insistência dele em saber essa informação envolvemos toda família para tentar descobrir seu verdadeiro nome. Depois de muito custo, várias ligações para o Gonçalo, inúmeros contatos com pessoas que conviveram com ela e sem uma resposta satisfatória, pedimos ajuda a Leo (do Blog) que descobriu olhando a certidão de nascimento de (Gerinho) um dos netos.

 

Na feira, na praça, no rio em qualquer lugar....

Mãe Menininha não tinha sossego, em qualquer lugar em que estivesse sempre chegava uma grávida e dizia: quero que você faça meu parto, assim ela passava suas mãos mágicas e experientes e dizia: você vai ter um parto bom... era assim que era feito o “pré-natal” de muitas grávidas do Gonçalo..., mas nem tudo era alegria, ao examinar algumas delas mãe Menininha era categórica: “ você não pode ter esse menino comigo, você tem que procurar um médico”. Infelizmente muitos não seguiam seus conselhos e havia óbitos da criança e da mãe...

Presenciei, certa vez, o marido de uma delas que foi buscar mãe Menininha para fazer o parto da esposa, e ela retrucou... “não posso fazer o parto dela, já te falei, você tem que trazer um médico”, mesmo assim ele a levou e lembro que ela foi chorando pelo caminho, pois já previa a tragédia... 

Naquele tempo qualquer problema na hora no parto era uma dificuldade para trazer um médico. Uma pessoa tinha que pegar um cavalo ir pela estrada do Esconso, esperar um carro e ir até Jacobina para trazer o médico... infelizmente quase nunca dava tempo...

Os partos...

Muitas vezes ela fazia partos em lugares distantes do Gonçalo, nessa época vinha o marido montado em um cavalo e trazendo outro para ela, sem nunca se negar a fazer subia no cavalo e partia para socorrer a gestante...

          O parto normal não tem a precisão temporal que tem os partos cesáreos quando a gestante juntamente com seu médico escolhe o dia e hora de ter o bebê. Mãe Menininha muitas vezes ficava a noite toda ou o dia inteiro junto da gestante esperando o momento para fazer o parto. No meu caso comecei a sentir as dores             ás 5 horas da manhã e Mãe Menininha já estava ao meu lado, mas só às 18 horas fez o parto do meu primeiro filho Cássio.

 

O dia a dia de Menininha...

Menininha vivia em uma pobreza extrema.  Morava em uma casa bem simples de chão batido, parede de varas e barro, a chamada parede de “sopapo”. Como todos de sua família dormia em cama de forquilha (cama feita com seis forquilha de ramo de árvore em forma de “Y”, sendo duas na cabeceira, duas no meio e duas nos pés todas fincadas no chão de barro), coberto por galhos de arvores verticais e horizontais, embaixo de um colchão feito de retalhos de chita com preenchimento de junco. Não havia nenhum móvel na sua casa (mesa, cadeira, etc.,) exceto um banco de madeira rústico, panelas de barro e um “ fogão” que era feito com 3 pedras no chão para apoiar a panela, além de um pote.   Mesmo assim não exigia nada pelos seus serviços, geralmente recebia como “pagamento” uma galinha, um litro de feijão ou de farinha, algo assim ou um “Deus lhe pague”...  Para sobreviver como muitas pessoas da época quebrava “licuri” para vender e tirava pó de palha de licurizeiro. Sobre isso preciso explicar aos mais jovens o que era essa atividade que se perdeu no tempo para que depois as pessoas não digam que isso é uma “lenda”. Vou explicar como esse processo acontecia.

 

O pó de palha dos licurizeiro...

           Esse pó servia, dentre outras utilidades, como matéria prima para fazer utensílios como uma espécie de plástico, nessa época não existia o plástico que a gente conhece hoje, por isso o pó de palha assumia essa função, também foi usado como cola, era só derreter e colava de tudo, uma espécie de tenaz da época. Sua coleta era uma tarefa dura e penosa que envolvia todos integrantes de uma família. Havia uma divisão de tarefas onde alguns iam mato a dentro cortar as palhas e levava para casa, outros tiravam a talisca do meio e todos se reuniam para raspar a palha para tirar o pó...  A pessoa que extraia o pó de palha trabalhava o dia inteiro (cerca de 12 horas) para conseguir juntar menos de 1 kg que era vendido para José Inocêncio (dentre outros) que tinha um galpão para armazenamento.  O valor de 1 kg rendia alguns trocados que dava para comprar um pouco de alimento. O trabalho era duro e só era feito quando só tinha aquela oportunidade de levar algum dinheiro para casa. O processo de retirada do pó era assim:  colocava um pedaço de couro na perna, raspava a palha com “ as costas” de uma faca, colocando o pó em uma vasilha.  Nessa época vinha um caminhão de Riachão do Jacuípe que levava o pó de palha, licuri, milho, mamonas, etc. para Salvador.

Lembro-me que quando estava de férias (de dar aulas) visitava algumas dessas famílias carentes e passava o dia raspando palha para ajudar nessa árdua tarefa. Lembro também que eram dias agradáveis ouvindo as histórias dos mais velhos. Ao meio dia vinha para casa almoçar e a tarde estava de volta... para mim era um de jeito de ajudar e ocupar o tempo, para eles o pão de cada dia.

 

O fim da cultura do pó de palha com a chegada do plástico no Brasil...

Em 1949, em São Paulo, foi inaugurada a primeira fábrica de plástico no Brasil, mas só no início da década de 1960 o plástico ficou mais acessível a todos substituindo os utensílios feitos de pó de palha, madeira, vidro, metal, etc. Assim, conseguintemente o pó de palha perdeu sua utilidade colocando muitas pessoas que dependiam dessa atividade sem esse recurso.

A homenagem...

Na década de 1990 graças ao reconhecimento e sensibilidade do então prefeito Nilton Batista Matos foi feito o devido reconhecimento a mãe Menininha colocando a maternidade e hoje posto de saúde da família com seu nome, talvez, a primeira e única homenagem que recebeu...

É uma tarefa difícil, mesmo hoje, no Gonçalo alguém não ter um parente (pai, tio, avó, tia, etc.) que não tenha nascido pelas mãos de Menininha, e para que ninguém jamais esqueça seu nome era: LAURENTINA MARIA DE JESUS... seu nome resumia tudo, tinha que ser mãe, tinha que ser Maria e tinha que ser Jesus...




6 de jan. de 2021

Esse pecado eu nunca confessei a Padre Alfredo... Professora Belinha - Por Júnior de Feira

 


Padre Alfredo sempre foi meu confessor e no momento da confissão sabia tudo que se passava em minha vida, todos os meus sonhos, todas minhas angústias, meus medos, dúvidas e principalmente meus pecados, entretanto tinha um pecado que nunca confessei ao santo padre, nem podia era um segredo entre mim e Deus; mas, antes de contar a vocês permita-me voltar um pouquinho no tempo.

 

A Vinda do padre Alfredo para o Brasil...

Em 1938, a Alemanha Nazista anexa seu território a Áustria essa união entre as duas nações era um sonho de Hitler, austríaco de nascimento assim como padre Alfredo, contudo essa ligação da Alemanha com a Áustria trouxe graves problemas para padre Alfredo quando ele chegou ao Brasil, já que as autoridades brasileiras achavam que ele poderia ser um agente nazista infiltrado em terras brasileiras. Policiais saíram de Salvador para prendê-lo em Jacobina, e só não foi preso porque José Marcelino um empresário muito influente na cidade peitou a polícia e não deixou que fosse preso, assim se desfez o mal entendido. Padre Alfredo na verdade era um agente infiltrado de Deus em terras brasileiras, isso sim...

Um homem a frente de seu tempo...

Ainda em 1938, o Abade Othamar, amigo de padre Alfredo, o definia como um homem “cheio de ideias”. Conta ele que naquele tempo os padres eram obrigados a celebrar a missa de costas para o povo e de frente para o altar e toda celebração era em latim, mas o recém-ordenado padre questionava o jeito secular de os padres celebrarem a santa missa de costas para o povo e, como forma de “protesto” ele celebrou a missa de frente para o povo. Anos depois, já no Gonçalo e em toda região, isso virou uma prática normal para ele sempre celebrando a santa missa de frete para o povo, embora toda missa fosse em latim, ele treinou  suas professoras paroquiais para fazer a tradução simultânea do latim para o português, uma revolução para a  época.

O Concílio do Vaticano II...

Até 1962 era imposição da Igreja Católica de que as missas fossem celebradas com os padres de costas para o povo e de frente para o altar, mas em 1962 o Papa João XXIII convidou os bispos de todo o mundo para fazer algumas mudanças nas regras da Igreja Católica, esse encontro foi chamado de Concílio do Vaticano II e durou de 1962 a 1965.

Dentre as mudanças estava a autorização para os padres celebrarem a missa de frente para o povo e na língua do país da celebração, pois antes só era permitida a celebração da missa em latim.

O lendário Frei Damião...

Certa vez, frei Damião conhecido frei capuchinho (que mais tarde recebeu o título de Servo de Deus, que é o primeiro passo para o processo de canonização) sabendo da ideia de padre Alfredo em fazer a tradução simultânea do Latim para o português na celebração da missa, pegou um trem de Recife para Jacobina, passou a noite copiando a tradução da missa provavelmente para empregar em suas igrejas em Recife.

 

Um dia marcante...

Padre Alfredo foi ordenado padre em julho de 1933, coincidentemente no mesmo mês e ano em que nasci.  Naquele tempo o Gonçalo não tinha escola, apenas um professor particular chamado Pedro Santana (com quem fiz o pré-primário) que era contratado pelos pais para ensinar às crianças as primeiras letras e números, ou aprender a assinar o nome, o que era suficiente para os pais tirarem as crianças das aulas.

Um dia quando eu tinha aproximadamente 10 anos de idade, e com minha irmã caçula Lúcia “enganchada” em meus quadris vi o padre chegando montado em seu burro (companheiro de longas viagens) indo para um salão que tinha alugado do Sr. João Ferreira para montar a primeira escola do Gonçalo. Naquela oportunidade lembro que ele estava acompanhado da primeira e excelente professora Ana Brandão que veio de Sr. do Bomfim. Tudo para mim era novidade, aquelas carteiras próprias pra estudantes, quadro negro (coisas que ninguém nunca tinha visto pelas bandas de cá).

 

Um educador visionário por excelência...

O padre Alfredo tinha verdadeira paixão em ensinar os mais pobres, principalmente àqueles que não teriam oportunidades de ter um ensino gratuito e de qualidade, aliás primeiro pensava em educar as crianças antes mesmo de evangelizar, e nesse quesito tinha uma frase célebre: “como posso evangelizar sem saber se os que me ouvem absorviam plenamente o ensinamento e por isso o aceitavam”. A escritora Suzane Alice (in memorian) descreve em seu livro intitulado “Alfredo de Deus, Alfredo dos Pobres” que em seus 20 anos de sacerdócio em Jacobina e região, desde sua chegada em 1938, percorreu montado em seu burro, 20.000 léguas (ou 120.000 km ou 60 vezes a distancia entre Jacobina e São Paulo) ensinando, evangelizando, construindo escolas, fazendo batizados e casamentos, medicando a população, isso tudo documentado em seus relatórios diários que preenchia para prestar contas a igreja. Depois, em 1961, recebeu de presente um jipe dos católicos da Áustria para ajudar na locomoção, se na época em que andava no lombo de um burro não tinha distância para ele, imagina agora de jipe...

Padre, Professor ou Médico...

Certa vez ele me confidenciou que sua família queria que ele estudasse medicina, até começou a estudar, mas na verdade ele queria ser mesmo era “médico de almas”. Outra paixão dele, além de evangelizar e cuidar da educação dos mais carentes era “clinicar”, em todas as suas viagens primeiro em seu burro e depois nos automóveis, ele sempre levava uma mala cheia de remédios para doar e ensinar os pobres como usar os medicamentos doados. Presenciei inúmeras vezes em que ao terminar a celebração da missa ele se deslocava para um quarto (cedido na pensão de minha saudosa mãe miúda) onde atendia todos os doentes que precisavam de medicamentos, esse ritual sempre acontecia após as missas em qualquer lugar onde o padre estivesse hospedado (na casa de Pedrinho Feitosa, Zé Inocêncio, José Ferreira mais conhecido como Tote, etc...). Nesse tempo uma consulta com médico era coisas das mais difíceis da época, tanto pelo valor da consulta, estradas ruins, quanto pela distância que separa o Gonçalo de Jacobina cerca de 40 km. Lembro um dia que a esposa de Baio de Justiniano(Laura) estava grávida de gêmeos entrou em trabalho de parto e dessa forma a parteira da época mãe menininha não conseguia fazer o parto, mandei um bilhete para o padre Alfredo (em Jacobina) pedindo que conseguisse um médico urgente. Partiu Baio de cavalo até o Esconso e lá pegou um carro até jacobina para entregar o bilhete a padre Alfredo... Ele não estava na cidade, mas sempre deixava uma ordem que se chegasse qualquer pedido das professoras das escolas dele era pra ser atendido sem questionar, assim foi feito, a secretaria da casa paroquial, mandou o Dr. Flori urgente para o Gonçalo, padre Alfredo ao tomar conhecimento do meu pedido sem saber que já tinham enviado um médico mandou outro medico Dr. Raimundo, assim a paciente foi atendida por dois médicos. É bom lembrar que todas as despesas com médicos eram custeadas pelo padre.

 

Os três grãos de café e o segredo revelado...

Convivi com ele durante muitos anos e uma coisa chamava a atenção de todos, ele nunca tomava café, nunca... Era flagrado sempre tomando leite, e todos achavam que era uma prática para manter a saúde em dia, degustando uma bebida mais saudável. Durante toda minha vida eu pensei que era isso, mas o segredo foi revelado pela escritora e amiga Suzana em seu livro publicado em 2015.

“ao desembarcar no Brasil, ele encontrou três grãos de café no navio ou no porto, ele pegou esses grãos e guardou... enviou dois para a família na Áustria e guardou um no bolso de seu paletó” a verdade era que lá na Áustria nem ele nem a sua família podiam tomar café, pois era uma bebida muito cara, apreciada pelas famílias mais abastadas financeiramente e que apesar de ser uma bebida acessível a todos aqui no Brasil, desde o mais humilde cidadão até os mais ricos, padre Alfredo se recusava a tomar café no Brasil sabendo que sua família não podia desfrutar de tal “privilégio” na Áustria.

 

As escolas paroquiais de padre Alfredo...

Naquele tempo as escolas paroquiais só ofereciam até o quinto ano primário, depois de concluído vinha uma banca examinadora de professores de Jacobina aplicar uma espécie de “vestibular” para o aluno obter a aprovação do quinto ano, só assim recebia o diploma de conclusão. Lembro-me da minha vez em que fui me submeter a essa banca examinadora. Do Gonçalo apenas eu estava apta a fazer, então tive que ir até Jacobina me juntar a mais dois alunos (vindos do Caém) para o exame. Primeiro fazíamos as provas escritas na escola e depois tinha a prova oral, na frente dos professores e pais e de pessoas que assistiam, os professore faziam perguntas de português (professora Felicidade) Matemática (tinha questões de Câmbio, frações, etc.) e Religião com padre Alfredo.

Como obtive sucesso padre Alfredo me mandou para o povoado de Alagadiço, assim começou minha história (com 16 anos) como professora paroquial.

Meus Alunos...

O máximo que um aluno humilde do Gonçalo e Região conseguiam chegar era a conclusão do quinto ano, pois o próximo passo seria fazer o exame de admissão, mas caso aprovado, precisava de recursos financeiros para estudar fora, e quase nenhum tinha esses recursos, os que vinham de famílias mais abastadas mandavam seus filhos para Jacobina, Senhor do Bomfim, Jequitibá e Salvador.

A ideia...

Em Jequitibá existia um mosteiro com excelente estrutura, um sonho, mas a sua estadia era muito cara para os padrões da época... Então padre Alfredo me conferiu a missão de selecionar alguns alunos para mandar pra lá, que tivesse vocação para ser padre, além da vocação, teria quer ser bons alunos, ter comportamento exemplar e ser assíduos nas aulas...


Foto atual do mosteiro de Jequitibá - BA

Eis o pecado...

Vi nesse pedido de Padre Alfredo a oportunidade de mandar meus bons alunos para desfrutar uma excelente educação e o melhor sem custos para ele e suas famílias (até o enxoval era doado pelo padre). Visitava os pais dos alunos e dizia: quero mandar seu filho para estudar em Jequitibá com todos os custos pagos pela igreja. Os pais ficavam radiantes de felicidades, mas diziam: “professora infelizmente meu filho não tem vocação nenhuma para ser padre”. Eu dizia... Eu sei disso, ele também sabe, nós sabemos, mas é uma oportunidade das melhores para preparamos ele para a vida, a educação é talvez a única herança que nós pais pobres podemos propiciar para nossos filhos.  Logo vinha a segunda pergunta: E depois da formatura, eles têm que ir para o seminário, o que vamos fazer? Eu respondia “deixa comigo”, eu assumo a responsabilidade de falar com o padre... E assim depois da formatura padre Alfredo me perguntava fulano já acabou os estudos, quando se apresenta no seminário? Eu dizia: padre Alfredo, ele não tem vocação para essa santa missão, me enganei, desde criança via nele um padre, mas infelizmente não vai ser... Mas aí eles já estavam formados e com uma excelente bagagem para enfrentar os desafios da vida...

Às vezes me questionava se estava fazendo a coisa certa... Trair a confiança de um santo homem que muito me ajudou e sempre confiou a mim a execução de vários de seus projetos, sei que também pequei contra minha igreja já que a verba era destinada aos alunos com vocação para o celibato, apenas para eles. Mas entendia que o pobre estudante da região tinha poucas oportunidades de seguir estudando, haja vista que depois de concluído o quinto ano muitos voltavam para os trabalhos na roça em suas terras áridas e castigadas pelas secas frequentes. Alguns eram “obrigados” a tentar a sorte em São Paulo, mas chegando lá a maioria abandonavam os estudos... Via no rostinho de cada criança um potencial enorme que às vezes só os professores percebem, via também joias preciosas que precisariam ser lapidadas, em outros lugares, com novos professores...

À noite, quando colocava minha cabeça no travesseiro lembrava que nunca foi fácil para eu fazer tais escolhas, sempre vivi essa dualidade, entretanto nunca tive dúvida na hora de fazer minha escolha: entre trair a igreja e ajudar meus alunos, sempre escolhia meus alunos, entre decepcionar Padre Alfredo e dar uma esperança de sucesso aos alunos, sempre fiquei com meus alunos, porque quando se nasce com a vocação para ser professora alguns pecados são permitidos...



22 de jul. de 2019

O PRIMEIRO CASAMENTO COLETIVO DE GONÇALO... PROFESSORA BELINHA (Por Júnior de Feira)




25 anos de Sacerdócio
Em 1958 Padre Alfredo completava 25 anos de sacerdócio. Todas as paróquias sob a sua jurisdição tinha preparado uma grande festa e celebrações por essa data histórica. Era festa em todos os lugares como: Jacobina, Várzea Nova, Caatinga do Moura, Junco, Caiçara, Peixe, etc. Queria presenteá-lo com algo novo que fosse diferente das festas tradicionais das outras comunidades.

Naquele Tempo...
Se tinha uma coisa que deixava o santo padre furioso era uma moça da comunidade assistir a missa com uma blusa sem mangas ou maquiada, um simples batom já era motivo de um olhar torto do padre. Comungar então, nem pensar... Lembro de algumas vezes ele colocar pra fora da Igreja as mulheres que não se vestiam adequadamente para a missa. Lembro-me também de uma esposa de um político de uma cidade próxima que levou o filho para ser batizado no Gonçalo e ele se recusou a batizar porque a mulher estava com um vestido sem mangas. Como era pessoa influente no lugar até ameaça de morte sofreu, contudo não realizou o batismo.

O fato
Na época, e ainda hoje, os casais que estavam “amigados” não podiam receber o sacramento da eucaristia, nem podiam batizar seus afilhados. Eram casais que frequentavam as missas, participavam das orações, mas eram impedidos de comungar. Sentia que isso deixava o santo padre triste.

A ideia
Pensei então em fazer um casamento coletivo com 25 casais que viviam amigados, um casal para cada ano de sacerdócio. Fui até a propriedade do Sr. Cazuza que me cedeu dois cavalos, um para mim e outro para um amigo da família, um tipo fiel escudeiro chamado Calumbi.  Nossa rotina era visitar as fazendas atrás desses casais.  Depois de convencê-los da ideia, com tudo acertado,  partimos para a próxima roça/fazenda. A ideia foi ganhando corpo ao ponto de um casal ir indicando outros, e me diziam: professora, acolá tem fulano e sicrano que também não são casados, e assim o número de casais crescia.


A condição...
Em sua maioria os casais eram formados por pessoas humildes, com poucos recursos, no entanto ouvi muitos pedidos das “noivas” como: eu caso, mas só se ganhar um vestido de noiva. Curioso é que muitas delas já viviam há muito tempo juntos, algumas já eram até avós... Os “noivos” por sua vez, não ficavam atrás, e pediam ternos novos. Os homens dessa época tinham uma relação interessante com ternos, tanto que, nas eleições só votavam aqueles que fossem de terno, os que não tinham condição financeira para comprar, os candidatos davam de “presente”.

Os recursos...
Com essa nova condição para se casarem comecei os pedidos com alguns fazendeiros/comerciantes que sempre me ajudava nas obras sociais, fiz rifa, bingos, festas para arrecadar o dinheiro restante. Com os recursos em mão, comprei os tecidos na venda dos Feitosa e de Cazuza. As camisas de mangas compridas e brancas foram feitas por minha mãe Miúda, os vestidos pelos alfaiates do lugar.

Tudo pronto...
Levei os proclamas para o Padre Alfredo para os trâmites legais... Eram mais de 60 casais. O santo padre se emocionou com tantos casais para que celebrasse o casamento. No dia, na celebração revelou que de todas as homenagens/festas que recebeu pelos seus 25 anos de sacerdócio aquele presente dado pelo Gonçalo foi o que mais gostou e o mais importante de todos...

O efeito colateral...(risos)
Pouco tempo depois da celebração encontrava os maridos que vinham me fazer queixas... Professora morava com essa mulher a mais de 15 anos sem brigar, foi só assinar os papeis ela se transformou... Só reclamam o dia inteiro, não quer que faça mais nada, fica reclamando no meu pé de ouvido o dia todo... É briga quase todo dia...

Hoje passadas várias décadas desse evento, quando vejo essa foto ainda me emociono. Via a felicidade no olho de cada noiva que um dia sonhou em se casar assim. A felicidade deles era a minha recompensa para continuar inventando coisas no Gonçalo. É claro que depois desse houve outros casamentos coletivos, mas esse teve um  motivo especial e o primeiro a gente nunca esquece...




13 de mai. de 2018

O primeiro Dia das Mães comemorado no Gonçalo...


Professora Belinha

                                                                                                         
                               Por Junior de Feira



A criadora do Dia das Mães foi a americana Anna Jarvis que iniciou uma campanha em 1905 para homenagear sua mãe já falecida. A sua luta foi grande para tornar esse dia uma data especial nos Estados Unidos,...“ enquanto ela fazia campanha enviando cartas a todos os congressistas, governadores, celebridades e pessoas importantes para reservarem um feriado para essa data, os políticos zombavam da situação dizendo que, se oficializassem o Dia das Mães, teriam que instituir também o dia da sogra ( Mother in Law Day”, em inglês ). O fato é que em 1911, todos os estados americanos reconheceram o feriado, e três anos depois houve a oficialização da data que em  todo segundo domingo de maio seria comemorado  esse dia em homenagens as mães.  O mais impressionante é que além de Anna Jarvis ter perdido a mãe, ela nunca conseguiu ser mãe, mas nada disso  a desanimou na luta para criação desse dia tão especial.


No Brasil, também, o Dia das Mães é comemorado sempre no segundo domingo de maio (de acordo com decreto assinado em 1932 pelo presidente Getúlio Vargas). É uma data especial, pois as mães recebem presentes e lembranças de seus filhos. Já se tornou uma tradição esta data comemorativa.


No Gonçalo...

Em 1961 eu saí do Gonçalo para ensinar em uma escola na cidade de Frei Inocêncio em Minas Gerais, e de lá aprendi que no segundo domingo do mês de maio as escolas de lá faziam uma linda homenagem às mães. Quando retornei para o Gonçalo em 1962, resolvi fazer a primeira festa em homenagem ao dia das Mães.  Solicitei ao Sr. Bandeira que nos cedesse o local, seu salão, vizinho a Igreja, e assim os alunos da Escola Paroquial de Padre Alfredo poderia homenagear suas genitoras

Aos alunos pobrezinhos que não tinham recursos para comprar o presente de suas mães, fizemos uma campanha para arrecadar o dinheiro necessário. O pedido era feito através do serviço de alto falante da praça, assim, fazendeiros, comerciantes e pessoas com mais condições financeiras ajudavam. Com o dinheiro na mão, fui até Jacobina fazer as compras, que naquela época parecia mais longe do que realmente é hoje, devido às dificuldades de se viajar até lá.


Dia da festa de homenagem...

No salão de Bandeira montamos um palco, onde os alunos cantavam canções rendendo graças e homenagens a suas mães, lembro-me que as mães choravam muito, emocionadas com as homenagens inéditas. Seus filhos as esperavam em cima do palco com seu presentinho ( eu sabia o que cada uma iria gostar de receber ). O locutor chamava a mãe que subia ao palco e recebia o carinho e o presentinho das mãos de seu filhinho.

Fizemos essa simples e singela homenagem às mães nos anos seguintes...

Hoje, passadas várias décadas, sou capaz de lembrar o semblante, o sorriso e as lágrimas de cada mãe daquele lugar.

5 de set. de 2017

PLANTANDO MUDAS NO JARDIM DE GONÇALO - FIZ A MINHA PARTE!




 Em setembro de 2016 fiz mudas para plantar no jardim de Gonçalo. Somente após oito meses de intenso cuidado elas já estavam prontas para serem replantadas. Em maio de 2017 plantei no jardim 2 flanboians; 5 amendoeiras; 10 acácias amarelas; 2 acácias roxas e 18 bugueviles nas cores roxo, vermelho, rosa e laranja. Sinto-me com a satisfação de quem fez a sua parte e desejo que elas se desenvolvam e contribuam com a beleza do nosso mais belo cartão postal!










3 de set. de 2017

O Sr WILSON CANTA MAIS TRÊS DE SUAS COMPOSIÇÕES


Segundo o Sr Wilson Antônio Barbosa estas composições já tem mais de 30 anos. Uma curiosidade é que ele não tem registro escrito das mesmas, as guarda somente na memória.




NAMORANDO AS ESTRELAS

(Música composta como resposta para a composição de seu irmão Jesus "Nossas Férias")



Aqui estou eu

Eu vim abraçar

Os velhos amigos

E também serestar

Não imaginam vocês

A alegria que estou sentindo agora

Mas tenho medo da angústia

Quando eu for embora



Voltei para ver a terra querida

Onde eu deixei minha infância

E toda alegria que tive na vida

Voltei para ver tudo o que é meu

A saudade foi grande

Dentro do peito doeu



Vou ficar esta noite

Namorando as estrelas

Admirando esta praça

De tanta beleza

Vou sentar no jardim

Esperando o luar

Sonhando acordado

Pra ver a brisa passar



Assim que cheguei

A saudade acabou

Aquela dor que me torturava

Também já passou

Eu não quero lembrar

Do dia que eu for partir

Pois a saudade e a tristeza

Podem querer me seguir



Composição: Wilson Antônio Barbosa







AMOR DE FILHO


(O Sr Wilson fez esta valsa para homenagear sua mãe ainda em vida.)



Palavra mãe

É a flor do meu canteiro

É como a lua cheia

Que ilumina o mundo inteiro

É a palavra que nos dá o esplendor

Pra mim ou pra você

O verdadeiro amor



Mãe

Pra você fiz esta canção

Arranquei tão lindas frases

De dentro do coração

Frases lindas que eu fiz com tanto ardor

Pra você mamãezinha

O meu eterno amor



Dia das mães

É uma linda festinha

Que todos filhos levam

Um presente à mãezinha

O maior presente

que eu vou lhe oferecer

Ser filho obediente

Não deixar você sofrer



Mãe

Mais um presente eu vou lhe dar

O coração de um filho

Pra você mamãe guardar

Guarde esse amor juntinho ao seu

Pra que o amor de filho

Seja uma bênção de Deus



Composição: Wilson Antônio Barbosa







IDADE TRAIÇOEIRA


(Música composta para aconselhar o irmão Flori para que largasse a vida boêmia e procurasse uma moça pra casar e constituir família.)


Amigo este aqui foi o boêmio

Que recebeu o Prêmio

Que você também sonhou

Ele ganhou um amor tão sincero

Hoje tem uns filhos tão belos

Que Deus licenciou

Mas ainda toca o violão

Canta seus sambas-canção

Mesmo sem sentir dor



Amigo um conselho eu vou lhe dar

O vício que lhe domina

Procure se libertar

Saiba que a idade é traiçoeira

E você com esta bebedeira

Não encontra a quem amar

O boêmio de verdade se controla

Nunca abandona a viola

E nem deixa de cantar



Repito, que a idade é traiçoeira

E você sem uma companheira

Como pode ter um lar?

Se liberte amigo, ganhe o teu prêmio

Pois o sorriso de um filho pequeno

Faz o homem equilibrar



Composição: Wilson Antônio Barbosa