Praça Argileu de Oliveira Souza

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É um prazer enorme receber visitantes em meu blog!!! Sintam-se em casa, mas não façam bagunça!!!!! RSRSRSRSRSR

Neste blog vocês encontrarão informações pessoais de seu idealizador assim como postagens interessantes sobre o Gonçalo... Apertem os cintos e boa viagem!!!!!!

POPULAÇÃO DE GONÇALO: 1312 Habitantes (Fonte: Censo 2010)

11 de mar. de 2024

No dia em que um “pop star” esteve no Gonçalo - Profª Belinha - Por Júnior de Feira

 

1-No dia em que um “pop star” esteve no Gonçalo

2-As festas de antigamente...

3-A menina que só se vestia de azul e branco

 



No dia em que um “pop star” esteve no Gonçalo


Confesso, que tenho dificuldade em dizer qual o artista de hoje em dia tinha a popularidade do cantor que esteve no Gonçalo na década de 1960.Posso adiantar que ele não veio fazer nenhum show, nosso povoado não comportava tamanho evento. A título de comparação é difícil dizer, talvez artistas como Marilia Mendonça, Luan Santana, Zeca Pagodinho, algo assim, alguém que estivesse no auge de sua carreira e com reconhecimento nacional.Sobre o astro falo mais tarde. Deixa eu contar como eram as festas em minha época.

 

As festas de antigamente e a preparação das meninas

 

Naquele tempo, não tinha a facilidade que se tem hoje para se arrumar para uma festa. Hoje você tem uma infinidade de opções para escolher seu vestido, contamos também com uma diversidade muito grande de modelos, ou mesmo comprar pela internet, assim seu vestido pode vir de qualquer lugar do mundo. No meu tempo, não havia vestidos prontos.Funcionava assim, as meninas iam até a bodega de Cazuza que além de tecido vendia tudo que o lugar precisava como: fumo de rolo, carnes,feijão, querosene etc.

A outra opção era os mascates que vinham de longe trazendo tecidos nos lombos de seus jumentos. Muitas de minhas amigas costuravam seu próprio vestido, mas a maioria se valia de algumas costureiras do Gonçalo que faziam a diferença, eram nossas “estilistas” e personalizava cada vestido de acordo com sua cliente.

 A preparação para festa começava cedinho, cuidávamos logo dos afazeres domésticos, adiantava tudo que tinha de fazer, era um ajuste no vestido aqui ou ajuste ali, algumas se valiam dos bobs no cabelo, outras usava uma espécie de tesouras com a ponta achatada que aquecida no fogareiro alisava os cabelos (talvez, a percussora das chapinhas de hoje).À tarde descia um monte de rapazes e moças para o rio para tomarmos banho. Àdireita da ponte ficava o poço das mulheres, àesquerda o poço dos homens, acredito que hoje em dia não haja mais necessidade dessa divisão (risos).

Por falar em tecidos preciso contar a história de uma loja conhecida de todos vocês.

 

Casa Feitosa uma renomada loja de Jacobina 



Cabe aqui uma menção honrosa a Casa Feitosa que até hoje tem comercio em Jacobina, a qual faço parte dessa história.

Nessa época Pedrinho Feitosa (fundador) tinha um armazém que vendia de tudo, como fumo de rolo, querosene, alimentos, bebidas, etc., como todas as outras bodegas do comércio local. Naquele tempo a feira do Gonçalo era muito grande, vinha gente de vários povoados comprar ou vender suas mercadorias. A feira era destaque tendo em vista que era praticamente a única das redondezas. O Caém tinha uma feira, mas era meio elitizada e não tinha tudo que precisávamos. A outra opção era ir pra Jacobina, mas a dificuldade era grande para ir toda semana para lá.

 

O Pau comia nas bodegas...


Muitos homens reunidos em uma bodega com muita cachaça não davam outra, toda feira terminava em brigas. Era socos, muros, pontapé, faca, foice, dava de tudo. Meu compadre Pedrinho tinha uma dessas bodegas só que um pouco mais organizada, de um lado ele despachavas as bebidas, do outro, sua esposa Safira vendia os demais produtos. No entanto, não era diferente, volta e meia tinha briga. Desgostoso com o andar de seu comercio, porque toda vez que tinha uma confusão era obrigado a fechar o comercio e assim deixava de vender suas mercadorias, o prejuízo era certo. Pedrinho andava descontente, aí resolvi lhe dá uma ideia: compadre porque você não deixa de vender bebidas e começa a negociar com tecidos? Ele gostou da ideia mas disse que não sabia nada sobre tecidos e que não sabia fazer os decimais (medida muito usada na época para venda de Tecidos). Respondi que iria ajuda-lo, passei a ensiná-lo, e assim foi feito. Ele viajou até Juazeiro e Salvador e fez suas primeiras compras de tecidos, abandonou as bebidas e começou seu pequeno comércio em tecidos.

 Pouco tempo depois não precisou mais viajar para comprar tecidos, os próprios vendedores vinham até o Gonçalo para atendê-lo.

 

A praça iluminada e as Bandas Musicais

 

Na época (como em qualquer lugar das redondezas)não tinha energia elétrica, mas a praça era iluminada por postes que tinha um lampião cujo combustível era de pedra de carbureto.

“Aspas” para o carbureto:

O carbureto é um composto que não se encontra na natureza. Resulta da junção de cal e carbono, levando a um forno de alta temperatura. Ele pega fogo porque quando em contato com a água produz um gás inflamável que ao entrar em contato com o oxigênio incendeia, e vira um tipo de candeeiro “ pré-histórico” iluminava bem, nos atendia.

A praça era iluminada das 18 horas ás 22 ou 23 horas, a prefeitura de jacobina (o Gonçalo era distrito de jacobina nessa época) mandava o carbureto por José Inocêncio que repassava para Calumbi acender os postes.

As bandas musicais eram uma atração à parte, tinha saxofone, trombone, sanfoneiro, etc. Tinha um tal de Muritiba sanfoneiro que vinha de Cachoeira, era o sucesso do momento.  Tinha também Alexandre do saxofone de Jacobina outro famoso da época.

 

O São Pedro do Caém uma das maiores festas do gênero da Bahia.


“Aspas” para Junior de Feira

Sempre tive uma dúvida a respeito dessa festa.  Por que sendo o Gonçalo um distrito do Caém, tinha a principal festa junina, o São João, e a sede do município tinha o São Pedro, que em todos os lugares é uma festa menor?  Fiz essa pergunta a vários amigos, incluindo ex-prefeito, e ninguém sabia ao certo, como começou essa tradição.

 

Segue a resposta da professora Belinha...

 

Tudo começou com um morador muito conhecido no Caém chamado Pedro Matos que aniversariava exatamente no São Pedro, e nessa data dava uma festa enorme. Em sua casa tinha um grande salão. A festa era regada com comida e bebida à vontade.Todo ano vinha gente de saúde, Gonçalo, Jacobina, toda região, aquilo virou uma espécie de tradição por muitos anos.Vinha uma banda famosa da época era Giazz de Senhor do Bomfim. Sua esposa Zumira sempre hospitaleira e receptiva com todos, mesmo com aqueles que não eram convidados. Certa vez, sua esposa se converteu ao espiritismo, e a festa passou a não ter mais música, bebida... a festa não era mais animada como outrora, mas a semente estava lançada.

Acredito, que essa tenha sido a causa de o Caém ter criado a tradição de festas de São Pedro e não de São João.

 

A Caiçara vs Capim Grosso(um erro que condenou a Caiçara e alavancou Capim Grosso)

 

A Caiçara era um povoado bem desenvolvido para região, possuía um comercio forte e festas excelentes. Era um lugar muito conhecido das redondezas. Capim Grosso ao contrário, praticamente não existia, se resumia a uma fazenda, algumas poucas casas, uma igrejinha e só.

Na Caiçara morava meu sogro Felix um grande comerciante do local. Ele tinha um armazém que vendia de tudo que o lugar precisava, a população local não necessitava sair do lugar para fazer suas compras básicas.

 

O grande erro de Felix...


            Nessa época o governo federal começou o estudo do traçado da pista asfáltica (a atual BR) que passaria dentro da Caiçara, um luxo na época onde praticamente todas as estradas eram de terra. Qualquer cidadão em sã consciência iria aprovar com louvor essa iniciativa do governo federal... exceto Felix, que quando soube do projeto fez um abaixo assinado e convenceu a população local a assinar sob a alegação de que o asfalto iria trazer o progresso para Caiçara o que era ruim para o local, na visão dele.

 Com a rejeição dos moradores, o asfalto foi desviado da Caiçara em mais ou menos 6 km, passando justamente em frente da fazenda Capim Grosso. A estrada asfaltada trouxe o progresso para o local que se devolveu rapidamente, e em 1985 virou cidade, contando em 2023 com 33.344 mil habitantes, tornando a Caiçara um de seus distritos, com sua população 2023 estimada em apenas 307 moradores.

 

A menina que só se vestia de azul e branco


            Eu tinha uma amiga de infância chamada Biluzinha, ela chamava a atenção de todos porque só se vestia com roupas nas tonalidades azul e branco, não ariscava nem uma fitinha no cabelo que não fosse dessas duas cores.

Tudo começou quando ela tinha apenas 6 meses de vida e passou a ter  crises convulsivas.Sua mãe temendo pelo pior fez uma promessa a nossa mãe maior Nossa Senhora, que se as convulsões parassem ela só vestiria azul e branco até os 15 anos de idade. O pedido foi aceito, ela foi curada, não teve mais convulsões, a promessa tinha que ser cumprida, e assim foi feito. Biluzinha foi ficando mocinha e vaidosa como toda adolescente da época. Se preparava para as festas e desejava um vestido colorido, ou de qualquer outra cor que não fosse azul e branco, igual as suas amigas da época, mas ao encomendar um vestindo que ela tinha gostado e não fosse azul ou branco, tinha que fazer a adaptação nessas cores ou usar só branco... o tecido branco menos mal, mas o azul ela tomou verdadeiro horror a essa cor.

Mocinha, cada dia se tornava mais difícil cumprir essa promessa feita pela mãe, tinha loucura para vestir um vestindo vermelho, por exemplo.As adolescentes da época usavam roupas coloridas, cores fortes, vibrantes, mas ela seguia firme e forte em seu propósito... muitas vezes presenciei ela dizer: “ quando completar 15 anos vou vestir roupas de todas as cores, vou ser igual a vocês. Biluzinha sonhava muito com essa data, bastava completar 15 anos e estava liberta do azul e branco que tanto a atormentava.

 

Em fim os 15 anos

 

 Chegou a data tão esperada por ela e por todas as amigas que sofria junto com ela, mas o destino, mais uma vez lhe  pregava uma peça.Ao completar 15 anos, sua mãe faleceu... e Biluzinha, abandonou o azul e branco e passou a vestir preto... seu luto durou um ano.

Lembro bem que quando alguém, naquela época, perdia um ente querido, era tradição usar preto, por um longo período.Quando meu bisavô faleceu, minha mãe me fez usar preto por seis meses.

               

O Astro...

 

Valdick Soriano era o nome da vez, cantor de enorme sucesso no Brasil.  Ele se vestia sempre da mesma forma: terno, chapéu e óculos escuros (uma novidade para a época) se inspirava em um herói americano chamado Durango Kid, uma espécie de Robin Hood.  Durango Kid também foi lembrado na música “cawboy fora da lei” de Raul Seixas e na música “ eu vou botar meu bloco na rua” de Sergio Sampaio.

Valdick sempre que vinha a minha cidade Feira de Santana, eu e meu marido (Dunga) estávamos na plateia, os ingressos do show de sexta feira se esgotava rapidamente e ele era obrigado a fazer outro show no sábado, toda vez era isso. Em uma das vezes que ele veio, Dunga esperou terminar o show e foi cumprimenta-lo, conversa vai,  conversa vem ficaram amigos. Em uma dessas vindas a Feira ele disse que iria fazer um show em Jacobina e nos convidou. Dunga viu a oportunidade de levá-lo ao Gonçalo (para essa família tudo é motivo para ir ao Gonçalo). Valdick tinha uma Kombi, Dunga um Jeep, assim Valdick pediu a Dunga que trocasse os veículos porque o jeep era mais veloz, assim foi feito

Ao chegar ao Gonçalo, se encantou com o rio, que estava muito cheio, queria tomar um banho, mas foi desaconselhado pelos moradores, rio cheio era perigoso para quem não conhecia.  Valdick teve uma ideia, pediu a Dunga que amarasse uma corda em sua cintura que ele iria nadar e se cansasse pedia a Dunga puxasse ele, mas uma vez os moradores conhecendo Dunga disse: não vai não senão ele solta a corda. Ele desistiu de atravessar o rio nadando e ficou se banhou na margem.

 

Bar do Sr. Wilson

 

Valdick entrou no bar, começou uma partida de sinuca, mas falou pouco ou quase nada... a notícia se espalhou rápido pelo Gonçalo e o bar começou a chegar gente, alguém colocou um disco dele na vitrola, o silêncio foi quebrado quando alguém pediu“canta pra gente Valdick” .... Ele apontou o taco de sinuca em direção a vitrola e disse:

Já estou cantando...

 

https://www.youtube.com/watch?v=7-kHtzijxtw





20 comentários:

  1. Que História! Não sabia que o cantor Valdick que vindo Gonçalo. Essa terra tem açúcar, todo mundo que gosta inclusive o FILHO de nossa honrada (tia Bela) Professora Belinha.

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  2. Orgulho da minha Tia Belinha! ❤️

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  3. Amando ler essas histórias! Deu até vontade de ir lá ❤️❤️

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  4. Tia Belinha, muito orgulho da Sra.

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  5. Ao ler estes relatos históricos sobre o Gonçalo, na narrativa de Da. Bolinha, nos trás a memória afetiva de um tempo em que vivíamos à amizade, consideração e, respeito por uma conduta de valores e, de princípios que eram inerentes a todos nós!
    Mas graças a Deus, podemos nos servir e, nos encantar com estes relatos históricos, sendo ela a matriarca da família Gomes!
    Uma abraço fraterno!
    Sandro Almeida.

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  6. Totoia, realmente uma POP STAR, Não tenho palavras para descrever o que essa grande mulher,fez por todos os Gonçalense , Caem e municípios vizinhos...nos ensinou a ler e escrever ,a ver a vida como ela própria vivia...com sabedoria e humildade!...Te amo

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  7. Linda história envolvendo nossa Amada Belinha

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  8. Uma das pessoas mais importante nas vidas dos filhos de Gonçalo sem dúvida a Professora BELINHA!
    Ajudou muita gente!! Minha ida pra Jequitibá tem o dedo dela!
    D. ZEFA deixe o Tino ir. Lá ele vai continuar os estudos! Esse pedido foi feito muitas vezes, até D. Zefa concordar! Obrigado!
    Tino de D. Zefa

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  9. continue atualizando o blog sempre acesso daqui de sp

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  10. Júnior sempre nos presenteando com
    Seu jeito único de nos contar Essas histórias maravilhosas! Essas
    Lembranças de uma
    Época tão sensacional e ter a profa. Belinha um ícone cheio de
    Memórias compartilhando conosco coisas de nossos avós, pais, tios, e de toda uma população que se conhecia, se ajudava e se divertia juntos, é uma benção! Quanto aos perrengues pra se arrumar pras festas… eu tbm passei por alguns. Consegui um vestido e um sapato novos, fazer um
    Penteado bonito, fazer um “Nero”
    nos cabelos, mesmo tendo cabelos lisos… 🤣🤣🤣🤣🤣 era de Lei.
    E ainda tinha o drama que era convencer os pais “ super protetores”
    Pra se dizer o
    Mínimo… a nos deixar ir pra tão sonhada festa!
    Era muita agonia e emoção!!!
    Obrigada Júnior! Obrigada Léo, que nos prociona todas essas lembranças.

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  11. Que memória!!! Continue assim, e logo , logo teremos um livro! Sugestão p o título: "MEMÓRIAS DA PROFESSORA BELINHA"...

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  12. Valdick qs se aproveita do carro de tio Dunga kkkkkk por q era mais chiq linda estória morria e não sabia

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  13. Júnior, que delícia ler as histórias de Bela!!! E Você é uma pessoa muito querida e mostra isso nos pequenos detalhes contados por ela. O melhor de tudo é sentir o tempo que você se dedicou escolhendo como nos presentear, porque isso é carinho. Particularmente senti-me uma pessoa muito especial, pois juntei as histórias contadas pelos meus pais, que eram amigos e compadres de Bela, a esses relatos e viajei para um tempo que não vivi e, por isso, só tenho a agradecer!

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  14. Orgulho de ser filho de Gonçalo. Nunca esquecerei minha terra. Ensinamentos dados por meus pais . Minha raízes estão entranhadas em mim por toda a vida. Parentes e amigos queridos moram lá. Profa. Belinha...uma história linda que em tempo algum se apagará. Leonardo Maia, meu afilhado querido...parabéns pelas publicações. Muito bem colocadas. Eu também faço parte desta história.
    Rui Robson .

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  15. Fique encantada com as boas lembranças de Dona Belinha . Crie todo um cenário em minha mente . Que maravilha poder desfrutar dessas memórias !
    Não conheço Gonçalo , mas gostaria muito de conhecer .
    Quem sabe um dia iremos nos reencontrar e ousadamente pedirei a senhora para me presentear com essas lembranças que me encanta nossa alma , deixando um gostinho de quero mais !
    Forte abraço .
    Ana Cristina Pamponet Boaventura



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